*Priscila Oliveira | Foto de capa: Hugo Keyler/Rumo Certo
A temporada passada foi impecável e alçou a mercesana Amanda Oliveira aos principais destaques da nova geração em provas de longa distância. Entre outras marcas, ela venceu a Meia Maratona do Rio, as edições paulistana e carioca da Asics Golden Run, além de ser vice-campeã na Volta da Pampulha, a melhor brasileira nas Dez Milhas Garoto e uma das apostas nacionais na São Silvestre. Passou longos períodos de treinamento no interior paulista e acabou de retornar de uma preparação especial em altitude na Bolívia para o primeiro grande objetivo do ano: buscar o bicampeonato na Asics SP, que acontece neste domingo, 21.
“Estou investindo tempo e recursos no meu desempenho e, se Deus quiser, vai dar tudo certo. Passei um mês em Cochabamba, treinando numa altitude de 2.550m. Foi muito legal, porque é uma cidade com muitas praças bonitas e bastante lugar para treinar – só pista de atletismo, tinha umas quatro”, lembrou. A escolha pelo país vizinho não foi à toda. “A importância desse tipo de treinamento é que ele aumenta a performance do atleta, por ser mais difícil de correr. É por isso que, quando a altitude é baixa, a gente consegue voar – igual aos quenianos, que sempre treinam em altitude e, quando chegam no Brasil, correm muito mais fácil”.
Durante as quatro semanas que permaneceu em solo boliviano, a mineira viveu emoções como alegria, desconforto e euforia, pois teve que lidar com diversos desafios. “O que senti muito foi a respiração, principalmente no frio, porque o peito ficava um pouco dolorido. Nos primeiros dias foi mais difícil – tive sangramento no nariz, senti falta de ar e dor de cabeça, mas depois tudo passou. Também cheguei a torcer o pé durante um treino de tiro e fiquei quatro dias sem poder correr em terreno irregular. Mas, tive orientação médica para me cuidar e treinar devagarinho, até conseguir correr bem novamente”.
Experiência e aprendizado
Apesar dos contratempos, Amanda trouxe na memória momentos que já se tornaram inesquecíveis. “Fiz um longuinho de 21km e me senti bem. Depois fiz um longão de 28km e também terminei muito bem, porque essa não é uma tarefa nada fácil em altitude. Num dos últimos dias, ainda fiz um treinamento na pista que foi um dos melhores da minha vida. Foi uma experiência incrível e de muito aprendizado. Fiquei muito feliz só por ter estado lá, passando por tudo isso e conseguindo me superar”, enfatizou.
Marca registrada de sua personalidade, a atleta e treinadora fez questão de retribuir todo o carinho que recebeu. “Só tenho a agradecer a todas as pessoas que contribuíram para eu ter essa oportunidade, principalmente aos meus patrocinadores (Sicoob, Nutrimais e Prefeitura de Mercês). Foi maravilhoso conhecer toda a cultura e alimentação da Bolívia, ter contato com outras pessoas e aprender a falar um pouquinho de espanhol”, destacou.
Mesmo passando os últimos dias na terra natal, onde recarregou as energias junto aos familiares e amigos, e ainda acendeu a pira olímpica dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG), Amanda manteve o foco para obter um bom desempenho na Asics Golden Run SP. “No ano passado, além de campeã, foi nessa prova que eu bati meu recorde pessoal em meia maratona: 1h16min15s. É uma marca que representa muita alegria, disciplina e superação para mim. Estou muito feliz e sempre confiante, pois, apesar de todos os desafios e obstáculos que a gente encontra no caminho, isso nos torna cada vez mais fortes”.
E finalizou, reforçando aquilo que a faz ir adiante, dentro e fora das competições. “Sempre falo com os meus alunos e as pessoas que se inspiram em mim que a gente precisa ter paciência, persistência, resiliência e acreditar nos nossos objetivos para seguir em frente, porque a vida do atleta é assim. Temos altos e baixos, mas lamentar não adianta nada. É preciso erguer a cabeça, pensar positivo e lutar sempre”.