Rebeca Andrade é campeã mundial de ginástica artística

*Priscila Oliveira

Um feito histórico para o esporte nacional. Essa provavelmente é a melhor maneira de descrever a façanha alcançada por Rebeca Andrade, nesta quinta-feira, 03, durante o Campeonato Mundial de Ginástica Artística, em Liverpool, na Inglaterra. Ela conquistou medalha de ouro no individual geral feminino, levando o Brasil ao topo do pódio na competição pela primeira vez.

Após se apresentar no salto, barras assimétricas e na trave, a consagração veio novamente ao som de “Baile de Favela”, no solo, que lhe garantiu o resultado final de 56.899 pontos, deixando a americana Shilese Jones e a britânica Jessica Gadirova com a prata e o bronze, respectivamente. “Eu me sinto orgulhosa de levar essa música para o mundo. No Brasil, as pessoas entendem a dificuldade que é uma pessoa preta chegar ao alto rendimento. Quero ajudar todas essas pessoas, porque eu tive muita ajuda também”, revelou ao Sportv.

Rebeca Andrade comemora título no Mundial (Foto: IOC/Dave Thompson)

Isso faz todo sentido, já que Rebeca, uma jovem negra e de origem humilde, foi revelada por um projeto social de sua cidade natal, no interior paulista, onde era apelidada, inclusive, de “Daianinha de Guarulhos”, numa referência à também grande ginasta brasileira Daiane dos Santos. “Sempre sonhei em ser atleta olímpica e campeã mundial, mas quando eu tinha 10 anos e tive que sair de casa, achava que ia ser muito difícil. Foi nesse momento que comecei a acreditar”.

‘Curtindo minha ginástica’

Aos 23 anos, a representante do Clube de Regatas do Flamengo passa a ser a melhor e mais completa ginasta do mundo na atualidade – no ano passado, ela foi campeã no salto e ficou com a prata no individual geral dos Jogos de Tóquio 2020. Também em 2021, foi ouro no salto e prata nas barras assimétricas, no Mundial. “Nos Jogos Olímpicos, eu tinha o objetivo de apresentar a minha ginástica. Já aqui, eu tinha o objetivo de continuar curtindo a minha ginástica”, avaliou.

Rebeca é apenas a segunda brasileira a ser premiada no individual geral de Mundiais – a primeira foi Jade Barbosa, bronze em 2007. Após passar um período difícil, marcado por lesões e cirurgia no joelho, a ginasta não tem dúvidas do quanto essa conquista é importante. “Significa muito para mim, porque ainda consigo competir e mostrar do que sou capaz. Sinto que posso mostrar muito mais e continuar fazendo ginástica”.

E novos títulos podem surgir na competição. Durante o fim de semana, a atleta ainda disputa as finais nas barras assimétricas, na trave e no solo.

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