*Priscila Oliveira
Domingo passado, 25, enquanto fazia a cobertura de mais uma etapa do Ranking G10 Zona da Mata, esta jornalista que vos fala se surpreendeu positivamente com a presença de uma atleta na largada dos 6,3km de Piraúba. Afinal, o percurso entre asfalto e estrada de terra são aparentemente distantes dos desafios aos quais Andressa Miana (Team Britto/Vezzo) se habituou a encarar há pouco mais de um ano.
Novata no esporte que se tornou uma grande paixão, a representante de Juiz de Fora fez bonito entre as participantes da categoria 20-24 do Campeonato Brasileiro de Triathlon Sprint, o circuito mais importante do calendário nacional. Foram três disputas, todas nas tradicionais distâncias de 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida da modalidade. Aos 22 anos, ela havia saltado do terceiro lugar na etapa de abertura, no Rio de Janeiro (RJ), em maio, para o topo do pódio em Florianópolis (SC), no mês de julho. O grand finale veio no último dia 11, em Maceió (AL), e com muita emoção.
“Na terceira prova estava muito calor e eu sofri bastante. Fiz muita força na natação, na bike e o corpo sentiu na corrida. Quase desmaiei, porque estava muito quente, mas a organização me viu passando mal e me fez parar para me hidratar e continuar a prova. Para não perder ponto, resolvi dar uma relaxada só para concluir. Essa foi a etapa em que eu mais sofri, devido às condições climáticas e ao vento no ciclismo, que estava bem complicado. Mesmo assim, consegui terminar em terceiro lugar e me tornei campeã brasileira da categoria pelo somatório das três etapas”, destacou.
Disputa dos sonhos
Por outro lado, Andressa não pensou duas vezes antes de revelar qual foi a disputa mais marcante. “Florianópolis, porque foi onde consegui bater meu RP (recorde pessoal) e saiu uma corrida encaixadinha, do jeito que eu queria”. A triatleta também enfatizou que, apesar do resultado oficial provavelmente sair apenas no final do ano, a classificação no Brasileiro a qualificou para o Campeonato Mundial de Triathlon Sprint, previsto para março, na Alemanha.
“Conquistei essa vaga por ser a líder do ranking na minha categoria. Esse era o meu maior sonho, e agora vem outra etapa – a de conseguir recursos para estar lá. Não recebemos nenhum apoio, então, nós mesmos precisamos arcar com todas as despesas. Por isso, já estou em busca de apoios e patrocínios que me permitam fazer essa viagem e concorrer com as melhores de cada país. Vai ser muito difícil realizar esse sonho se eu não tiver ajuda”, ressaltou.
Além da programação financeira, a triatleta vai permanecer focada para garantir que tudo saia da melhor forma possível até lá. “Agora eu fico um período mais tranquila, com treinos menos intensos, para me recuperar desses finais de semana de pico. Pretendo participar de regionais, mas a prova-alvo é o Mundial. Em dezembro e janeiro já vamos começar a focar totalmente nos treinos. Porém, não vou deixar de fazer uma provinha ou outra, para não perder o costume”.
Caminho certo
E assim retornamos a Piraúba, onde essa entrevista aconteceu. Acompanhada pelos amigos, Andressa não abriu mão de se distrair numa corrida onde o grande prêmio foi a diversão – somada ao fato de ainda ter garantido o lugar mais alto do pódio por faixa etária. Isso me fez lembrar de uma conversa que tivemos poucos meses atrás, quando ela avaliou essa jornada tão nova e cheia de expectativas.
“A ideia, quando fiz minha estreia no triathlon, era só ganhar experiência no Brasileiro, que é um evento grande, mas consegui pódio logo de cara e isso foi algo inesperado. Fico feliz de estar conquistando tudo isso em tão pouco tempo, pois mostra que estou no caminho certo”, concluiu.