*Priscila Oliveira
Um dos principais pontos de encontro dos esportistas de Juiz de Fora e palco de vários eventos, como as etapas do Ranking de Corridas de Rua, a BR-440, mais conhecida como Via São Pedro, ganha holofote, neste sábado, 12, por um motivo diferente: segurança. Idealizado por assessorias de corrida, treinadores e grupos de ciclistas, o “Abraço na Via” começa às 8h, na rotatória, com o objetivo de chamar atenção para os acidentes e incidentes no local.
O sinal de alerta voltou a ser aceso na manhã de 04 de junho, quando um corredor, de 50 anos, foi atropelado enquanto treinava. Segundo informações da Polícia Militar à época, ele foi projetado sobre o capô do veículo. A motorista, 51, que não teve ferimentos e parou para prestar socorro, alegou que ele teria tentado atravessar a pista. Já o corredor precisou passar por uma cirurgia na coluna.
Diante do ocorrido, dias depois, o treinador Gláucio Monte-Mór gravou um vídeo no Instagram, alertando sobre a situação. “Sabemos que, nesse local, aumentou bastante, nos últimos anos, a quantidade de pessoas praticando corrida, caminhada e ciclismo. Paralelo a isso, aumentou também a quantidade de comércio, residências e o número de veículos”, ressaltou. “A ideia não é, de forma alguma, colocar motoristas contra praticantes de esporte – mesmo porque, a maioria dos praticantes também são motoristas. A ideia é nos unirmos e conversar com as autoridades sobre o que pode ser feito para aumentar a segurança de todos que passam por aqui”.
#JuntosPelaVia
O material surtiu efeito, gerando debate entre os seguidores, levando à formação de um grupo engajado em movimentar o tema e, consequentemente, ao “Abraço na Via”. Além da assessoria de Gláucio, estão envolvidas as equipes coordenadas pelos treinadores Anderson Batata, Bruno Monteiro, Erick Brugiolo, Gilberto Roque, Hugo Amaral, Jefferson Britto, Luiz Henrique Fernandes, Pedro Paulo Duarte, Talita Antunes e Vinicius Dias. A MoveIt Sports, ProSport, VidAtiva e Associação Juiz-forana de Ciclismo também fazem parte da ação.
“Ficamos muito sensibilizados com aquela situação, porque podia ter acontecido com qualquer um de nós. Nos colocamos no lugar do corredor e decidimos fazer alguma coisa. Montamos um grupo com professores, treinadores e o movimento começou a crescer”, relatou a comissão organizadora, destacando que encontros com autoridades locais, como o vereador Mauricio Delgado e a prefeita Margarida Salomão, já foram realizados, e de forma “muito proveitosa”.
Mesmo assim, o “Abraço” seria a primeira ação concreta para fazer “barulho” na cidade e pressionar para que os órgãos competentes tomem providências. Nas redes sociais, as divulgações foram enfáticas. “Vamos juntos defender o direito à segurança para nossos atletas, transeuntes e moradores. Contamos com a presença e apoio de todos nessa luta por uma Via mais segura e acolhedora. #JuntosPelaVia”.
Coletividade e memória
O grupo pede para que os participantes usem camisa branca, simbolizando paz e harmonia, em busca de mudança. “Essa é uma iniciativa dos amantes da corrida e do ciclismo, que se expande aos moradores da região. É um ato coletivo, e não do treinador A ou B. Estaremos de branco para simbolizar neutralidade, nos unindo e ganhando força, porque alguma coisa precisa ser feita”.
Vale lembrar que, em 14 de maio de 2016, o porteiro Carlos Alberto de Andrade, de 63 anos, foi atropelado e morto enquanto se deslocava de bicicleta para o trabalho, num dos prédios da região. O motorista fugiu sem prestar socorro, mas foi identificado e detido horas depois. Uma ghost bike foi instalada no local do acidente, próximo à UPA São Pedro, em homenagem ao ciclista.
