*Priscila Oliveira
A manhã do último domingo, 15, foi dominada pelos atletas de Juiz de Fora na 1ª Maratona de Niterói, na região Metropolitana do Rio de Janeiro. O percurso, pretensamente de 42km, teve largada e chegada no Caminho Niemeyer, percorrendo a orla da cidade. Na categoria principal, a Solo, Jocemar Corrêa (Activa Fitness Center) e Marina Fráguas (Team Britto) foram os primeiros a cruzar a linha de chegada, enquanto a conterrânea Natália Fernandes garantiu o todo do pódio das Duplas femininas ao lado da ubaense Catia Tomas (Team Britto).
Estreia nos 42km
Grande nome do circuito de corridas juiz-forano, sendo campeão oito vezes, Jocemar conta que essa foi a segunda prova que fez nesta temporada – a primeira na distância mais longa do atletismo. “Eu estava focado na Maratona do Rio, mas surgiu essa de Niterói e treinei mais ou menos um mês. Pensei que fosse só ver como iria me sentir correndo os 42km, mas me surpreendi, porque é uma competição diferente”.
Acostumado a desafios de até 21km, ele cruzou a linha de chegada da chamada “Cidade Sorriso” com 2h50min29s. “Graças a Deus deu para fazer uma boa prova e ganhar. Não foi fácil, porque teve subida e alguns trechos sem ninguém indicando o percurso, além da prova ter ficado com 44km. Mas, foi bom – o importante foi estrear em maratona bem. Este ano estou com esperança de correr pelo menos mais duas e continuar disputando o Ranking de Juiz de Fora”, antecipa.
Despretensiosamente
Primeira colocada geral entre as mulheres, cravando 3h32m43s, Marina Fráguas diz que não tinha a menor pretensão de fazer essa ou qualquer outra prova – apesar do ritmo intenso de treinos, principalmente ao lado de Natália Fernandes, campeã nas duplas. Porém, teve um argumento especial para entrar na disputa. “Uma grande amiga comentou sobre Niterói e acabei me animando, porque meu aniversário foi dia 7 e sempre gosto de correr a distância da minha nova idade nessa data, para comemorar – e aí eu completaria os outros 3km depois. Combinei com as meninas, elas toparam fazer o revezamento e conseguimos juntar um monte de amigas para festejar comigo lá”.
Nome recorrente em provas de triatlhon, essa foi a décima maratona de Marina, que encontrou na corrida do litoral fluminense um percurso que considera bastante duro, com destaque para muitas curvas, trechos por estrada de chão e ladeiras com grande dificuldade na descida – isso, sem falar na hidratação, que deixou a desejar na parte final do trajeto. Mesmo assim, o que não falta é alegria pela vitória e motivos para celebrar. “Foi uma prova linda, mesmo sendo 44km, e não 42km. No final, como ficou faltando só 1km para comemorar meus 45 anos, ele ficou por conta do primeiro lugar. Fui correndo com o coração, em clima de aniversário. Pensava em conseguir alguma coisa por categoria, mas não imaginava que esse título pudesse ser meu”, pondera.
E ela também teve mais uma surpresa. “Coloquei meu relógio para marcar a distância certa e consegui bater meu recorde pessoal nos 42km: 3h22min57s! Fiquei mais feliz ainda, porque o percurso foi bem desfavorável. Foi superação demais para mim, uma conquista na raça mesmo. Depois dessa, me empolguei para ir no Desafio Cidade Maravilhosa (42km + 21km), da Maratona do Rio, em junho, e o Capixaba de Ferro, de triathlon, em agosto”.
Dobradinha mineira
Para as campeãs das Duplas Femininas, apesar da distância entre Juiz de Fora e Ubá, onde residem, a cumplicidade foi um fator muito importante para conquistar o título, com a marca de 3h21min58s. “Estamos treinando para maratona – vou fazer a de Porto Alegre, em 12 de junho, e ela, o Desafio do Rio, dia 19. Então, combinamos de fazer o revezamento como parte do treinamento. Chegamos a fazer um treino de 30km juntas, três semanas antes da Maratona de Niterói, e deu super certo”, se empolga Natália. “Sou fã da Catia. É uma grande amiga, e corredora que admiro muito. Agora vamos continuar a preparação para os nossos ‘grandes dias'”.
A ubaense, que é professora de educação física, comenta que a distância não é empecilho, pois está frequentemente em Juiz de Fora e considera a cidade sua “segunda casa” – um lugar onde encontra incentivo e acolhimento entre os atletas da corrida e do triathlon, outra modalidade pela qual é bastante reconhecida. “Eu e a Natália nos conhecemos há muito tempo, e ela me chamou para fazer essa dobradinha. Chegamos lá determinadas e combinamos que ela sairia forte e eu manteria o ritmo. Foi uma prova muito boa e pesada. Ela já largou liderando e eu continuei. Isso sim que é parceria! Foi um prazer muito grande ver o resultado final de um trabalho que já estava acontecendo há tempos”, enfatiza.
Mantendo a amizade dentro e fora das pistas, inclusive com Marina Fráguas, Catia acredita que o grande desafio de uma prova em dupla é os atletas estarem “sincronizados e afiados” para imprimir o mesmo ritmo, do início ao fim. E o WhatsApp foi um grande aliado na hora de “encaixar” os treinos, quando não dava para fazê-los pessoalmente com Natália. “Tem que falar a mesma língua. Tínhamos o mesmo objetivo e não fomos para brincar, mas para fazer o que a gente treinou e o que tinha que ser feito, independente do que acontecesse. Fico muito feliz de nós, mineiros, trazermos essa garra e o troféu de 1º lugar geral para a nossa região. Foi muito lindo, muito lindo mesmo”.